Jesus Christ Superstar

30 de ago. de 2010


Como todo “metaleiro malvadão” que se preze, sempre que ouvia falar em musicais, vinha em minha cabeça pessoas dançando e cantando ao invés de simplesmente falarem, e minha primeira reação era virar a cara. Isso durou certo tempo, até que meu lado xiita começou a, realmente, ficar de lado.

Até porque não teria sentido eu não gostar de musicais, já que eles unem duas das coisas que mais gosto, música e cinema. Mesmo com danças não sejam a coisa que mais me agrade no mundo.

Certa vez minha irmã resolveu alugar a versão cinematográfica do FANTASMA DA OPERA, aquela de 2004, com o machão “Leônidas”, digo Gerard Butler, no papel do tenor mascarado. Eu assisti o filme e gostei bastante, mais das músicas do que do filme em si, diga-se de passagem, ainda que tenha gostado bastante também.
Depois, só fui ter contato novamente com musicais quando assisti na TV algumas cenas de CHICAGO. E para minha própria surpresa, gostei do que vi. Parando para pensar um pouco. Percebo que eu já gostava desse estilo de filme muito tempo antes. Os famosos clássicos DISNEY eram recheados de personagens que cantavam enquanto lutavam, corriam ou nadavam. Ou seja, já estava condicionado, desde minha mais tênue infância, a gostar desse tipo de coisa.

Mas antes que o(a) amigo(a) leitor(a) resolva fechar essa página virtual e voltar a fuçar no Orkut alheio, vamos ao que interessa. E o que interessa nesse momento é o filme JSESUS CHRIST SUSPERSTAR. Mas precisamente o remake de 1999, produzido pela HBO especialmente para TV. Que também é conhecido como JCS 2000 ou JCS MILLENNIUM. Com a dupla Glenn Carter e Jérôme Pradon fazendo os papéis de “Jesus” e “Judas”, respectivamente.

Antes um pequeno histórico. JCS foi escrito pela dupla Tim Rice Andrew Lloyd Webber, os mesmo que escreveram O FANSTAMA DA OPERA. A princípio, era para ser um musical da Broadway, porém, não conseguiram patrocínio suficiente para colocar o espetáculo em cena. Então, em 1970, gravaram um disco com a trilha do musical, com Jesus interpretado por, ninguém menos que, Ian Gillan. No ano seguinte, a peça foi de fato para os palcos. Porém, sem Gillan, que a essa altura já estava ocupado demais com uma bandinha chamada DEEP PURPLE. Em 1973, uma versão para cinema é produzida, tendo Ted Neeley no papel do rei dos judeus e Carl Anderson como “Judas”. Daí pra frente, o musical se tornou um dos mais populares da Broadway, ganhando versões e apresentações em inúmeros países mundo afora.

O musical conta a historia dos últimos sete dias de Jesus Cristo na terra. Desde sua chegada à Jerusalém até sua crucificação. O enredo ocorre seguindo os evangelhos bíblicos e tem até bastante semelhança com eles. Porém, boa parte do longa é focado na visão do apóstolo Judas Iscariotes, o famoso traíra. Que aqui questiona a falta de planejamento de Jesus e o fato de seu nome estar ficando maior do que sua própria causa. Quanto à história, creio que não preciso me estender mais, já que nesse país até os ateus conhecem bem a cronologia dos fatos da vida de Cristo.

As músicas são todas de muito bem compostas. Guiadas por rock n roll da melhor qualidade e com direito a grandes interpretações vocais dos atores/cantores. Todas as canções tem sua importância dentro do enredo e são bem legais. Mas eu destacaria “Heaven On Their Minds”, “The Last Supper”, “Everythings All Right” e principalmente “Gethsemane (I Only Want To Say)”, que é, sem dúvidas, uma grande interpretação e um dos momentos mais fortes do filme, onde Jesus, depois da “Santa Ceia”, questiona Deus sobre o porquê ele deve morrer. É de arrepiar.

Comparações com a versão de 1973 são inevitáveis. Para mim, essa versão de 1999 chega até a ser superior que a antiga. Mas os que pensam como eu, são raros.

Fazendo uma rápida pesquisa por sites e comunidades do Orkut relacionadas, logo percebemos que a versão de 1973 é muito mais bem aceita pelos fãs. Enquanto que a versão MILLENNIUM, é praticamente motivo de ódio pelos fanáticos. As argumentações vão desde simples xingamentos e avacalhações até ao fato de Glenn Carter parecer um vocalista de Metal Melódico cantando ou de ser músico formado em conservatório. Mas qual o problema de se parecer com vocal de Metal Melódico? Ei, eu gosto desse tipo de música! E vejo menos problema ainda em ser músico formado... Vai entender.

Concordo que o “Jesus clássico” interpretado por Ted Neeley é muito bom, mas também não é esse Deus que todo mundo diz. Trocadilho infame, à parte, para mim, a voz de Glenn é muito mais limpa e bela do que a de Ted, que soa mais rasgado.

Mas, em minha opinião, a nova versão se sobressai principalmente no que toca a parte interpretativa. Os atores parecem muito mais atores do que na antiga. Ou seja, eles não apenas cantam, mas também interpretam melhor. Sem contar que a edição é melhor, o que ajuda bastante, já que os ângulos são mais apropriados para cada cena. Ao contrário da filmagem de 73, onde os personagens cantam com grande emoção, mas suas expressões físicas não acompanham.

Continuando a sessão “advogado do Diabo”. Acredito que o instrumental também melhorou, apesar de serem as mesmas músicas. Isso provavelmente se deve ao simples fato das melhores condições de gravação existentes.

Porém, os figurinos e cenários da primeira versão são bem melhores. Enquanto nele as filmagens ocorreram no deserto de Jerusalém, na versão MILLENNIUM usaram apenas uns poucos cenários meio toscos e bem falsos. Quanto ao figurino, em 1973, os apóstolos se vestiam como hippes e agora aparecem como pseudo-soldados com calças camufladas e regatas coladas ao corpo. Chega a ser um negócio meio estranho...

Em resumo, e deixando de lado comparações, este é um dos melhores musicais já compostos em todos os tempos. Se você ainda não teve o prazer de assistir o filme, pode adquiri-lo clicando AQUI, ou dê um jeito de assistir o quanto antes e não se preocupe com qual versão ver. Ambas são muito boas e provavelmente você mudará sua forma de ver a música. Assim como o vocalista e guitarrista do PAIN OF SALVATION, Daniel Gildenlöw, afirmou numa entrevista a uma antiga edição da ROADIE CREW que eu tinha.  

E fãs do Ted Neeley fiquem a vontade para comentar e criticar. Mas façam isso usando argumentos e não xingamentos. Que venham as pedras!


2 comentários:

Unknown disse...

Oi gosto das duas versões,só tenho uma curiosidade qual foi a primeira ópera metal está ou a do the who o musical Tommy? obrigado e mais uma vez nota 10 na matéria

Carlos E. Garrido - Café com Ócio disse...

Oi Luciano, eu também gosto das duas versões do JCS.
Quanto a sua pergunta. O musical do The Who veio antes, na verdade um ano antes, apenas. "Tommy" foi lançado em 1969. E a primeira apresentação de Jesus Christ Superstar foi em 1970, como peça de teatro. O primeiro filme baseado nessa peça saiu em 1973.

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