Depois da estréia de LEGENDÁRIOS, o novo programa de Marcos Mion e cia limitada na Record, muito se ouve falar sobre “humor do bem”. Confesso que antes das chamadas da citada atração eu nunca sequer tinha escutado nada à respeito disso. Eu poderia até dizer que sabia o que era humor do bom, mas do bem, não tinha idéia do que poderia ser.
Pelo que pude perceber, nas poucas vezes que assisti o programa e pelos discursos inflamados de Mion, o tal do “humor do bem” é mais ou menos o seguinte: fazer rir sem apelações, sem preconceitos de qualquer natureza e sem tirar sarro das pessoas. Isso tudo em teoria, claro. Na prática o que vi na TV foi um programa no estilo do CQC da Band. Sabe aquela coisa de querer fazer matérias que ficam entre o humor e o jornalismo/denúncia? Então, muita coisa vai nesse sentido.
Em um dos quadros do programa, por exemplo, Felipe Solari tenta salvar a natureza, por assim dizer. Determinada vez, junto a seus companheiros, foi plantar árvores. Noutra oportunidade foi investigar e protestar contra o trágico vazamento de óleo no golfo do México. Já outra atração do programa tentava mostrar o preconceito existente contra negros (e em outro caso contra mulheres e homossexuais). Para isso, colocou três atores dentro de uma loja de um shopping e dentro da mochila de um deles havia algo que fazia o censor contra roubos da loja apitar. Quando isso acontecia, todos saiam andando normalmente, como se não soubessem de nada ou não tivessem nada a ver com aquilo. A questão era ver qual dos três os seguranças iriam abordar. Na maioria dos casos, sobrou para o negro. Triste. Mas onde fica o humor nessa história? Afinal, ver como nossa sociedade é abominável não é exatamente algo engraçado.
Ok, devo concordar que mostrar e combater esse maldito preconceito, assim como cuidar da natureza, é algo muitíssimo importante e mostrar isso em canal aberto e em horário nobre é algo louvável. Nesse sentido realmente estão de parabéns. O difícil é saber qual é a graça disso. Graça no sentido de fazer rir mesmo. Talvez essas sejam “reportagens do bem”, mas não humor.
Mas no programa também existem quadros de humor propriamente dito. Como os protagonizados pelos ex-HERMES E RENATO, que continuam afiados, mesmo sem palavrões e o da personagem Teena, que parece ser o maior trunfo dos LEGENDÁRIOS, conseguindo arrancar boas risadas, mesmo sendo praticamente uma cópia,ainda que com personalidade própria, do “Repórter Inexperiente” do humorista Danilo Gentili.
Mesmo não sendo, em minha opinião, um programa de humor em si, os LEGENDÁRIOS pode sim ser chamado de um programa do bem. Pois as causas da trupe do Mion são nobres. Já os quadros de humor em si, não são apelativos ou pejorativos, mas também não são exatamente algo que se possa chamar de “do bem”. Apesar de que perto da maioria dos programas humorísticos da TV brasileira, independente de serem engraçados ou não, são muito mais respeitosos. Mas isso já é assunto para uma matéria vindoura... Até porque senão vamos poder dizer que o humor dos filmes do MONTHY PINTON também é do bem.
E você, amigo leitor, o que acha dos LEGENDÁRIOS? Na sua opinião existe ou não “humor do bem”? Saia do ócio e comente aí!
4 comentários:
Não assisti muita coisa pra poder ter uma opinião bem formada, mas tenho medo que o Legendários seja o sintoma de uma satuaração do tal "humor denúncia".
Era interessante quando o Pânico na TV ainda era um programa que não se resumia a vomitar bordões de personagens cada vez mais esquisitos, "evoluiu" com o CQC, mas agora já me dá a impressão de que tudo o que vem por ai é somente vem mais do mesmo.
Não que os caras sejam ruins, mas assim como hoje qualquer cone que conta piada se diz "comediante de stand up", tenho medo de que a TV logo fique satuarada de "comediantes jornalistas"
Com certeza está começando a existir uma saturação do "humor denúncia". E essa é uma discussão que pretendo pautar aqui no Café com Ócio. Também pretendo falar sobre o Pânico e a queda deles.
Mas antes, gostaria de propor essa discussão, até onde esse "humor denúncia" de fato é humor? Não seria dever dos jornalistas fazer essa cobrança? Sinceramente, não sei até onde é interessante essa junção.
É,não sei se da pra definir como humor mesmo. Pra mim, Hermes e Renato faziam humor, os membros do CQC fazem humor em seus trabalhos independentes, até Zorra Total, mesmo sendo de qualidade questionavel, faz humor. Agora, pegando o CQC mesmo como exemplo, eu consigo rir de quadros como o Top Five, mas não das matérias que eles fazem. Acho que está mais para um jornalismo informal do que para um programa de humor.
Boa Raul! Acho que a melhor definição seria "jornalismo informal" mesmo. E quanto ao humor bonzinho, acho difícil que consiga existir algo assim. Até mesmo as pessoas dão risada tirando sarro de seus próprios amigos. Um humor sem nenhum tipo de preconceito ou discriminação me parece algo bastante complicado. Não impossível, mas complicado. Isso já está incrustado em nossa sociedade, a gente já cresce com isso.
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