Há mais de vinte anos atrás, nos Estados Unidos da América, surgiam quatro guerreiros armados com o aço e protegidos pelo vento negro. Eles tinham como objetivo defender, com suas próprias vidas se fosse preciso, a musica chamada de Heavy Metal. Eles sabiam que a batalha seria longa e tinham em suas mentes que nunca se renderiam, mesmo que tivessem que bradar contra os falsos e matar os infiéis. Esses valorosos guerreiros formaram um enorme exército de imortais que os seguem pelo mundo afora. E esses guerreiros se tornaram “Os Reis do Metal”.
Influenciados por KISS e principalmente por bandas inglesas, como SAXON, IRON MAIDEN e JUDAS PRIEST, que começavam a despontar no cenário metal dando inicio ao movimento que passou a ser chamado de NWOBHM (New Wave of Britsh Heavy Metal). Quatro jovens estadunidenses resolveram formar uma banda para tocar aquele som, pelo qual haviam se apaixonado. A essa banda foi dado o nome de MANOWAR, inspirado em um antigo barco de guerra que era utilizado pelos Vikings. E eis que em 1982 a banda consegue colocar no mercado seu álbum de estreia, do qual levava o nome de “Battle Hymns”. Para muitos esse é o melhor álbum da banda até hoje, mas isso está longe de ser unanimidade, até mesmo porque o grupo tem em sua discografia outros álbuns fantásticos, como “Hail to England”, “Kings of Metal” e o, um pouco mais recente, “Warriors of the World”.
O track-list é repleto de clássicos, mesmo que muitos deles já não sejam mais executados com frequência nos shows da banda. A faixa que abre o disco é “Death Tone”, e só pela introdução já dava para perceber do que se tratava o som da banda, pois antes da musica em si começar, é possível ouvir o ronco nervoso de uma moto envenenada. Mais Heavy Metal impossível. Logo nos primeiros riffs já percebemos a influencia de JUDAS PRIEST, a música é aquele típico ‘metalzão’ com pegada Hard Rock dos anos 70 que caracterizou o som banda inglesa no início de sua carreira.
Na sequência temos a primeira, de muitas canções do MANOWAR, que exalta o estilo de musica que tanto amamos. O nome dela é “Metal Daze”, e essa lembra um pouco o MAIDEN dos primeiros discos, com um ótimo riff a cargo de Ross “The Boss” Friedman, que para muitos é o melhor guitarrista que já passou pela banda. Vale ressaltar também o bom refrão, que já nesse tempo era no melhor estilo “grito de guerra”, que se tornou uma das principais características do estilo que passou a ser chamado de “True Metal”.
“Fast Taker” retoma aquela levada meio Hard Rock e conta com refrão matador, com Eric Adams mostrando um pouco de seu alcance vocal e chegando a notas muito altas. Uma das faixas mais legais do debute em minha opinião. A próxima musica é “Shell Shock”, que é até legalzinha, mas não tem o mesmo nível do restante do álbum.
Já a musica que leva o nome da banda, “Manowar”, é um clássico absoluto, com sua levada empolgante e grande refrão, perfeita para agitar nos shows. A sinistra “Dark Avenger”, musica que inclusive emprestou o nome para uma banda brasileira, dá sequência ao track-list com seu clima arrastado, que chega até a lembrar a primeira fase do BLACK SABBATH. Até mesmo porque depois da metade ela ganha maior velocidade e peso, recurso que foi muito utilizado por Ozzy e seus comparsas. Durante toda a musica, tanto na parte mais cadenciada como na mais veloz temos outro show do vocalista. Destaque também para a narração feita pelo famoso cineasta Orson Wells.
O baixista Joey DeMaio sempre teve uma queda por música clássica e erudita, chegando a inclusive dizer que o compositor alemão Richard Wagner é o pai do Heavy Metal. Pois bem, aqui ele fez uma adaptação da clássica música “Willian Tell Overture” de Rossini tocada apenas no baixo. O resultado ficou bastante interessante. E caso você não esteja ligando o nome à pessoa, basta ouvir a música que você se lembrará do que se trata.
Fechando o álbum com chave de ouro, temos a fantástica faixa-título, que é uma verdadeira obra de arte, um dos maiores clássicos do Heavy Metal em todos os tempos. E não é para menos, afinal “Battle Hymns” é a musica que praticamente deu origem ao chamado Metal Épico, com seu clima meio “Conan” e sua letra no mesmo estilo. Tudo nessa canção soa perfeito, a introdução na guitarra, as sensacionais viradas de bateria, o vocal poderoso, o baixo ditando o ritmo e garantindo o peso, o solo marcante de Ross “The Boss”, a caída de ritmo no meio da música e o refrão perfeito para cantar com a mão para o alto e os punhos cerrados. Quem já ouviu essa música ao vivo sabe do poder de interatividade entre banda e público que ela tem. Sensacional!
Apesar de esse ser o trabalho de estreia do grupo, a banda já mostrava que tinha potencial para voar alto, assim como o fez. E a dupla de compositores DeMaio e Friedman era de uma qualidade absurda. Aqui o grupo já demonstrava muita energia e toda sua paixão pelo Metal, que aqui ainda era algo orgânico, natural. Não que hoje eles não amem mais o estilo, longe disso, porém, hoje a coisa soa meio forçada demais, beirando o ridículo. Mas ainda assim continuam fazendo um som fenomenal. E com certeza se esse álbum não tivesse sido lançado, bandas como HammerFall, Majesty, Vhäldemar, Dream Evil e muitas outras não existiriam.
A verdade é que o MANOWAR é uma das mais importantes bandas da historia do Heavy Metal, você os ame ou os odeie.
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