Ao longo de sua carreira, Dio ganhou, não à toa, o certeiro apelido de “The Voice of Metal”, que se encaixou como uma luva ao carismático baixinho de voz única e poderosa, talento que possuía sem sequer ter feito uma única aula de canto (apesar de tocar baixo e trompete desde menino).
Dio era um dos meus ídolos dentro da música, pois além ter uma voz mágica, ele cantava com a alma, com o coração e era fácil perceber o quanto ele gostava do que fazia. Mesmo passando da casa dos 60 anos sua voz continuava impressionante e sua presença de palco deixava marmanjos de 20 e poucos anos no chinelo. Além disso, ele sabia conduzir um show (e a platéia) como só um mestre poderia fazer.
É fácil perceber a admiração que eu sentia por ele, através de resenhas que escrevi sobre alguns de seus trabalhos e que foram publicados em meu antigo blog e também em outros sites. Mas que, aproveitando a oportunidade e como forma de tributo, você pode conferir abaixo. Lembro-me inclusive das minhas aulas de baixo, o quanto era divertido e metálico, quando tocava junto com meu professor a música “Holy Diver” do álbum homônimo de 1983 (o primeiro solo de DIO). Aquele ritmo cavalgado é espetacular e te obriga a bater cabeça ao som da canção.
Ronnie James Dio não era só um dos melhores vocalistas de metal (se não o melhor), ele era também uma pessoa extraordinária pelo que sempre li a seu respeito. Sempre educado, gentil e com carisma de sobra. Para ter uma noção disso e de como ele era admirado até por outras lendas da música, basta uma busca rápida no Google ou mesmo dar uma olhada neste link do site Whiplash e dar uma olhada nas outras matérias relacionadas.
Inclusive no dia 30 de maio foi realizado na cidade de Los Angeles um memorial público em seu tributo. Contando com a presença de milhares de fãs, músicos, parentes e amigos do cantor que lá deixaram suas condolências e suas homenagens. Parecido com aquele do Michael Jackson. Só que os artistas participantes eram nomes do peso do Rock N Roll, como Glenn Hughes (BLACK SABBATH, DEEP PURPLE), Paul Shortino (QUIET RIOT, ROUGH CUTT), Joey Belladonna (ANTHRAX), John Payne (ASIA), Scott Warren (HEAVEN & HELL, DIO) , Geoff Tate (QUEENSRŸCHE), entre outros. Este último você pode conferir no vídeo abaixo cantando um trecho da música “Hallelujah” no evento.
Fiquei sabendo da triste notícia no mesmo dia em que ela aconteceu, porém no período da tarde, através da minha namorada que leu em um post em seu twitter. A notícia me chateou bastante. Eu sabia que ele estava enfrentando um câncer no estomago já há alguns meses (desde novembro do ano passado), mas as informações que chegavam davam conta de melhoras em sua saúde. Mas infelizmente essa doença é terrivelmente traiçoeira e acabou vencendo a batalha contra a vida do nanico.
Espero que hoje ele esteja em um lugar muito melhor do que esse. Mas para aqueles que ficam, é sempre triste e difícil de aceitar. Resta-nos apreciar os maravilhosos registros que Dio deixou em vida ao longo de sua brilhante carreira e orar pela sua família, em especial a sua esposa (e empresária) Wendy Dio, que estava com o vocalista há muitos anos.
Long Live Dio, The Voice of Metal
Muito Obrigado por compartilhar seu dom conosco e por ser um exemplo de como um ser humano deve ser. Que Deus te abençoe, mestre Dio.
Black Sabbath – Heaven and Hell (Castle Music/Abril Music, 1980)
– artigo escrito em 04/09/2005
Depois de mais de dez anos tendo Ozzy Osbourne como vocalista, a já mundialmente famosa banda BLACK SABBATH resolveu mandar o "principe das trevas" para a sarjeta. O motivo alegado era de que ele se alcoolizava e/ou se drogava em demasia antes dos shows, tornando suas apresentações ao vivo um verdadeiro fiasco. Mas quem poderia substituí-lo? Uma pergunta difícil, mas como uma resposta completamente acertada. A opção escolhida foi um estadunidense baixinho, magricela e feio, que atende pelo pomposo nome de Ronnie James Dio, e tem uma das mais impressionantes vozes da historia do Rock Pesado. E que, a essa altura já era conhecido por fazer parte da banda RAINBOW, formada pelo ex-DEEP PURPLE Ritchie Blackmore.
A abertura do primeiro álbum com o novo vocalista fica por conta da energética “Neon Knights”, que já mostra uma mudança brusca no som da banda. Pois agora eles soam muito mais Metal do que nunca, deixando um pouco de lado a morbidez de outrora. E nela Dio já mostra seu cartão de visitas e com seu altíssimo nível vocal, e ele é o grande destaque da canção. Na seqüência temos “Children of the Sea”, que alterna momentos mais suaves com outros nem tanto, mais ou menos como o IRON MAIDEN fez anos mais tarde na bela “Revelations” do Piece of Mind (1984). Uma das mais belas músicas da historia da banda. Grande interpretação de Ronnie James Dio.
O alto nível das composições se mantém em “Lady Evil”, que possui um refrão de fácil assimilação e que logo entra na cabeça do ouvinte; e na clássica faixa-titulo, com seu andamento cadenciado e levado por baixo e bateria e que só fica veloz nos minutos finais. Sendo presença obrigatória em todos os shows da carreira solo do vocalista até hoje. A energia volta à tona com a sensacional “Die Young”. Uma verdadeira aula de como se deve tocar Heavy Metal e mais um show à parte do novo frontman.
Com este álbum o BLACK SABBATH mostrou que ainda tinha muita lenha para queimar e que podia render tanto ou até ainda mais sem a presença de Ozzy. O fato é que neste CD a banda experimentou novos horizontes, caminhando mais para o lado da NWOBHM (New Wave of Bristhi Heavy Metal) que bandas, até então novas, estavam fazendo na época, como IRON MAIDEN, SAXON e DIAMOND HEAD. Talvez esse novo direcionamento tenha acontecido por conta da presença de Ronnie James Dio. Uma vez que participou ativamente do processo de composição das músicas ou uma segunda hipótese é que essas novas músicas nunca poderiam ser cantadas pelo vocal limitado de “Mr.Madman”.
Heaven and Hell é um clássico absoluto que todo headbanger que se preze tem o dever de ter pelo menos já o ouvido uma vez na vida.
Dio - Evil or Divine (Eagle Vision/ST2 Video, 2003) – artigo escrito em 11/09/2005
Dio - Evil or Divine (Eagle Vision/ST2 Video, 2003)
– artigo escrito em 11/09/2005
Finalmente os fãs do vocalista Ronnie James Dio poderão assistir a uma apresentação ao vivo com som e imagem digital, pois o único registro em vídeo até então era uma fita cassete da longínqua turnê do álbum “Sacred Heart”. O DVD traz na integra um show realizado em uma sexta-feira 13 em sua terra natal, os EUA, na famosa casa de espetáculos Roseland. O concerto faz parte da turnê de promoção do então mais recente álbum de sua carreira solo, o excelente “Killing the Dragon”. Tanto as imagens como o som estão impecáveis.
Falando do show em si, a apresentação da banda é extraordinária, pois o vocalista tomou o cuidado de se cercar de músicos de muita competência. Sendo assim todas as músicas são executadas à perfeição pela banda. Mas como tudo em que o nanico se envolve, o grande destaque fica por conta dele mesmo. E com o perdão pelo trocadilho infame: ‘Dio Santo’ como canta esse homem! Apesar da idade já bastante avançada para alguém de sua profissão, sua voz continua quase tão fantástica quanto nos velhos tempos em que cantava na banda RAINBOW na metade dos anos 70. E não apenas a voz continua perfeita, mas sua presença de palco também se mantém fenomenal. O vocalista tem o público na palma de sua mão durante todas as músicas, com certeza um dos frontmans mais carismáticos de que se tem noticia.
Como não podia deixar de ser, o set é composto em sua maioria por clássicos, que abrangem toda a sua extensa carreira, desde os tempos do já citado RAINBOW, passando pela era BLACK SABBATH nos anos 80 até chegar a sua proveitosa carreira solo. Entre algumas dessas obras-primas do Hard Rock/ Heavy Metal temos pérolas como: “Man on the Silver Moutain”, “Don’t Talk to Strangers”, “Children of the Sea”, “We Rock”, “Rainbow in the Dark” e “Last in Line” , além é claro das que mais levantaram o publico: “Long Live Rock and Roll”, “Heaven and Hell” e o maior clássico de sua carreira, a empolgante “Holy Diver”. Três músicas do álbum Killing the Dragon também foram apresentadas, a faixa-titulo, que abre o show, o single “Push” e a cadenciada “Rock and Roll”.
Apesar de não ter uma super produção, a iluminação de palco é bastante eficiente, e o pano de fundo muda em algumas músicas, e em outras é substituído por dois telões, que em minha opinião poderia ser melhor aproveitados. Pois mostram apenas coisas banais. Por exemplo: em uma determinada parte mostra a bandeira estadunidense e em outra umas chamas de fogo queimando. Poderiam mostrar pelo menos o show acontecendo, como geralmente acontece nos DVDs. Não seria inovador, mas ficaria melhor do que aquilo que foi apresentado.
Na parte de extras, temos cenas de bastidores, o videoclipe da música “Push”, que conta com a participação especial do ator Jack Black (“Escola de Rock”, “A Inveja Mata”) e uma entrevista com o próprio Ronnie James Dio, onde ele fala sobre diversos assuntos, entre eles suas influencias musicais, religião, superstições e sua banda. Tudo com opções de legenda em inglês, português e espanhol. Além da já tradicional galeria de fotos.
Rainbow – Long Live Rock n' Roll (Polydor, 1978)
– artigo escrito em 11/09/2006
Após deixar o DEEP PURPLE, o lendário guitarrista Ritchie Blackmore resolve partir em uma nova empreitada. Para isso recruta o até então praticamente desconhecido vocalista Ronnie James Dio da banda ELF. Mas, Dio só topa fazer parte desse projeto se todos os seus companheiros de banda também fizerem. E assim estava formado o RAINBOW, que a principio tinha o nome de RITCHIE BLACKMORE’S RAINBOW por pressão da gravadora que queria utilizar o nome e a fama do já mundialmente conhecido guitarrista.
Depois de dois álbuns lançados e muito bem sucedidos, o homônimo álbum de estréia e o clássico “Rainbow Rising” de 1976. Chegava à hora de a banda deixar seu nome marcado definitivamente na história do rock pesado. Então em meados de 1978 é lançado o álbum “Long Live Rock n’ Roll”, que ajudaria a moldar o Heavy Metal como o conhecemos hoje. Da primeira formação do grupo, haviam sobrado apenas o vocalista e o guitarrista, para as outras vagas foram contratados grandes músicos, sendo Cozy Powell na bateria (que mais tarde iria tocar no BLACK SABBATH), Bob Daisley no baixo (que viria a fazer parte de bandas como URIAH HEEP, BLACK SABBATH, OZZY OSBOURNE e YNGWIE MALMSTEEN) e Tony Carey nos teclados.
Falando do álbum propriamente dito, a abertura fica por conta da empolgante faixa-titulo, um verdadeiro hino do hard rock/metal, que ainda hoje, quase 30 anos após ser gravada, continua sendo tocada para alegria do público pela banda solo do vocalista Ronnie James Dio . O restante do álbum mantém o alto padrão de qualidade demonstrado na primeira música, sempre com aquela pegada do hard rock setentista, misturado com elementos do que viria a ser chamado de power metal anos mais tarde. Falando nisso, “Kill the King” pode ser considerada como a primeira música desse estilo, pois ela possui várias das características que viriam a definir essa ramificação do metal, como muita velocidade e vocais altos, principalmente na segunda parte da música, onde o ritmo acelera um pouco e o tom do vocal aumenta bastante. Para se ter uma idéia de como essa música tem realmente a essência do power metal, procure ouvir as versões feitas pelo PRIMAL FEAR e STRATOVARIUS presentes no álbum tributo “Holy Dio”, e observe como a música soa natural na interpretação desses dois grandes expoentes do estilo. Sem dizer que, se eu não estiver errado, o RAINBOW foi uma das primeiras bandas a criar letras com temáticas de fantasia. Tema que hoje é recorrente entre oito entre cada dez bandas de metal. Só por esses motivos já dá pra ter uma base de como esse grupo foi importante.
Voltando ao disco, outros destaques ficam por conta da cadenciada “Lady of the Lake”; a empolgante “The Shed (Subtle)”, que convida o ouvinte a bater cabeça com seu ritmo empolgante; e a fantástica “Gates of Babylon”, que com certeza deixou o virtuoso guitarrista sueco Yngwie Malmsteen de cabelos em pé quando ele a escutou pela primeira vez, pois muitas das músicas compostas por ele lembram o estilo dessa canção. Talvez até hoje ele ainda esteja tentando criar uma música nesse mesmo nível. Mas como isso não é algo simples, ele até chegou a gravá-la com sua banda.
Fechando o álbum temos a lenta e emocional “Rainbow Eyes”, que conta apenas com um belo arranjo de cordas acompanhando o vocal melancólico de Dio. E que eu posso estar errado, mas eu tenho a impressão de já ter ouvido essa música há muito tempo atrás, quando eu nem sabia que Heavy Metal existia, possivelmente quando eu ainda não passava de uma criança gordinha e feliz. Então se alguém souber se essa música era tocada nas rádios a mais ou menos uma década atrás, ou se ela teve alguma versão gravada por algum outro grupo ou até em nossa língua, me avise, por favor...
Resumindo a opera, esse é um dos mais importantes e influentes álbuns de metal de todos os tempos. Feito por uma banda que conta com dois dentre os maiores músicos da historia do rock, o guitarrista Rithcie Blackmore e o vocalista Ronnie James Dio, ambos em plena forma, e imagine você que se hoje, aos cinqüenta e poucos anos, Dio canta um absurdo, o que ele não cantava com seus vinte?! Com certeza ele rouba a cena (mesmo com uma superbanda o acompanhando) com sua bela e potente voz, e com suas fantásticas linhas vocais. Não é a toa que ele é conhecido como “A voz do Metal”, e nesse álbum ele deixa isso bem claro.
1 comentários:
Definitivamente a maior perda do Hard n´Heavy de todos os tempos para mim particularmente foi um dia que jamais esquecerei para mim comparado até com a morte do Melhor de todos Ayrton Senna, Deus e minha mulher são provas de que realmente e literalmente fiquei de luto nesse dia até sempre RONNIE JAMES DIO , que Deus te aproveite para fazer ai grandes shows para que o céu ouça a sua voz afinal não acredito que Deus deixará calado a melhor voz de todos os tempos
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