As eleições chegaram ao fim e qual o resultado disso? Além de muita gente eleita (umas boas e outras péssimas) e a disputa presidencial ter ido para o segundo turno, o resultado é muito sujeira. E dessa vez não estou falando da sujeira política propriamente dita, mas sim, da sujeira deixada pelos políticos. Sabe aqueles santinhos, então. É lixo espalhado por tudo quanto é canto.
Fico pensando que, se aqui em Jaú, cidade do interior do estado de São Paulo, que tinha poucos candidatos, e menos ainda com chances reais de se eleger, a sujeira já é grande, imagine em grandes centros. Tem santinho que não acaba mais nas ruas próximas às escolas onde aconteceram as votações. Antes de votar, dava vontade de sair procurando no meio da sujeira para ver se tinha algum candidato que eu pretendia votar, e caso encontrasse, não votar mais nele. Palhaçada uma coisa dessas. Vá jogar papel na casa da sua mãe.
Sem falar na boca de urna correndo solta nas proximidades do colégio onde voto. “Você tá indo votar, rapaz? Então vota em Fulano!” dizia uma senhora. Outro, mais a frente, nem disse nada, só arrancou do bolso um folheto e me entregou. Olhei para a foto para ver quem era e guardei no bolso da minha calça. E continuei andando pensando se alguém que estivesse indo votar mudaria seu voto ali naquela hora, somente porque ganhou um santinho. Será que alguém mudaria?
Se mudaria eu não sei. Mas pelo que fiquei sabendo, tem aqueles que nem sequer sabiam para quem iria votar e iria decidir na hora mesmo. Segundo um flagrante visto por minha mãe, uma mulher simplesmente não tinha candidato algum e estava pegando um desses santinhos jogados na rua para votar em quem tivesse a sorte de ser escolhido por ela. Prático, não? Você chega lá, olha aquele monte de papel espalhado na rua e sorteia qualquer um, como se fosse a Xuxa escolhendo uma cartinha dos baixinhos nos anos 80.
Como se isso tudo não bastasse, ainda por cima, as pesquisas estavam certas e o palhaço Tiririca venceu disparado como Deputado Federal. E ainda dizem que é voto de protesto. Eu prefiro chamar de atestado de burrice. Mas cada um sabe o que faz. Principalmente o partido dele que investiu forte em sua campanha (com certeza foi uma das que mais foram vinculadas na TV) e conseguiu o eleger, mesmo sem o abestado ter proposta alguma e só fazer piada. O próximo deveria ser o Seu Creysson do CASSETA E PLANETA ou alguém duvida que ele também entrasse? Com isso, Tiririca levou mais uma galera com ele para Brasília, mesmo que aquele candidato da sua cidade, que ficou sem vaga, tenha muito mais votos do que aqueles que entraram no vácuo do humorista. Graças aos que desperdiçaram seus votos e ao nosso horrível incrível sistema eleitoral.
Independente daqueles que foram eleitos, estas eleições só mostram que o brasileiro ainda tem muito que aprender sobre eleição e política. Fica a esperança que um dia as coisas mudem. Mas, pelo visto, vai demorar um bocado.
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2 comentários:
Eu acredito que muito da nossa constituição foi elaborada naquelw trauma pós-ditadura. Algumas coisas pareciam boas na época, pois a grande preocupação era garantir que os politicos não perderiam seus direitos e sua autonomia.
Porém, hoje em dia ficou claro que aquelas leis que deveriam servir como proteção, transformaram-se em garantia de políticos corruptos jamais serão punidos. É lindo se imaginar toda a burocracia necessaria para se punir um politico quando se pensa naqueles que eram perseguidos e coagidos pela ditadura, mas hoje em dia a realidade é outra, eles não precisam de tantas proteções e garantias.
Como opinião pessoal, não sei pra que precisamos de tanta gente fragmentando o poder do Estado. Seria perfeitamente possível diminuir muito o numero de deputados, seus salarios e força-los a trabalhar pelo menos cinco dias por semana, como boa parte da população.
Atualmente, é como se, para apertar um parafuso, uma empresa contratasse uma pessoa pra segurar o parafuso, outra pra segurar a chave e uma terceira pra girar. É muita gente pra fazer pouca coisa.
Nestas condições em que foi criada, pode ser que nossa constituição pudesse ser funcional, mas hoje em dia, está mais do que claro, que ela deve ser reformulada. Senão a tendência é só piorar. Porém, acho difícil que ela mude algum dia, pois, quem faz as leis são os próprios políticos e para eles tá ótimo do jeito que está.
A analogia do parafuso é muito boa, Raul. Pior que a coisa é mais ou menos por aí, muita gente pra fazer pouca coisa.
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