Iron Maiden - The Final Frontier

9 de dez. de 2010


Um novo disco do IRON MAIDEN sempre gera expectativas enormes. Mesmo antes de seu lançamento os fãs já estão afoitos com as notícias sobre as gravações, nomes de músicas e trechos das mesmas, disponibilizados pela banda em seu site oficial. Logo que o álbum chega ao mercado, começam a chover  em fóruns de discussão comentários extasiados de pessoas idolatrando o novo CD e outras malhando sem dó nem piedade. É sempre a mesma coisa. Ninguém fica em cima do muro quando se trata de um novo disco da Donzela e sempre as reações produzidas vão nos extremos opostos.

Para fugir de todo esse bafafá e não se deixar influenciar pelo calor do momento, esta resenha só foi escrita agora, após quase quatro meses de seu lançamento e depois que todo o barulho em cima dele diminuiu. Até porque uma avaliação correta de The Final Frontier necessita de muitas audições e leva tempo para ser feita.

Á grosso modo, pode-se dizer que o novo disco do MAIDEN dá continuidade a aquilo que a banda vem fazendo desde “Brave New World”, quando Bruce Dickinson retomou ao posto de vocalista. Ou seja, músicas, muitas vezes, longas demais, ritmos cadenciados e uma fórmula que já está mais do que manjada. Aquela velha estrutura de começar de forma calma, muitas vezes com um batido riff de baixo, e depois ir numa crescente até tornar-se uma música de Heavy Metal propriamente dita.

Porém, resumir “The Final Frontier” somente a isso, seria injusto. Independente da aparente falta de criatividade da banda nos últimos anos, o novo disco possui alguns lampejos de inovação e algumas vezes, mesmo nas fórmulas batidas, consegue demonstrar talento e empolgar. Já em outras não tem o mesmo êxito.

Logo na primeira faixa “Satellite 15... The Final Frontier”, podemos perceber algumas nuances de rock progressivo na parte inicial, com um instrumental diferenciado e um vocal que também foge, e muito, do costumeiro. Para falar a verdade, cheguei até a estranhar os primeiros minutos da música, ainda que tenha gostado. Pois é bem diferente daquilo que estamos acostumados. Entretanto, se o começo da faixa era inovador, a parte seguinte não daria continuidade a isso. Depois dos quatro minutos (ela tem mais de oito) ela desemboca num hard/heavy vigoroso, terreno conhecido do grupo, que se não é novidade, é muito bem feito e garante lugar de destaque no disco.

 A música seguinte, “El Dorado” é uma das minhas preferidas no álbum. Pesada na medida certa. Possui um baixo potente e boas linhas vocais. Se os últimos discos da banda tivessem mais músicas desse naipe, mais metalizadas e menos pomposas, obteriam resultados muito melhores. Outro caso que comprova essa tese é a faixa “The Alchemist”. A canção mais curta do disco tem boa velocidade e vai direto ao ponto, sendo certeira em soar como um autêntico Heavy Metal.   

“Mother of Mercy” e “Coming Home” lembram bastante o trabalho da banda no disco “A Matter of Life and Death”. Tanto na velha fórmula, lento-rápido, como no próprio clima criado pelas músicas. Se não são músicas ruins, também estão longe de serem das melhores.

Aqui acabamos a seção de músicas com menos de sete minutos de duração. Das 10 faixas deste “The Final Frontier”, seis passam dos oito minutos. O que, você deve concordar, é um exagero. Ainda mais se lembrarmos que em grandes clássicos da banda, como “The Number of the Beast” (1982), “Piece of Mind” (1983) e “Powerslave” (1984), a média de duração não passa de cinco minutos. 

Daí pra frente é que aquela receita, começo lento, vocal baixo, que depois ganha corpo e peso, começa a reinar nas composições. Mas independente do script ser o mesmo, é necessário notar que cada música se diferencia da outra. Afinal, cada uma tem seus riffs, solos, linha vocal, melodia e letra.

Por exemplo, “Isle of Avalon”, é bastante interessante e conta com um instrumental que alterna durante toda a canção, entre cadência, alguma velocidade e peso. Já “Starblind” tinha tudo para ser uma grande música, mas pecou por ser uma música grande. Pois, ela tem uma levada pesada e linha vocal bem trabalhada, porém se torna cansativa e repetitiva. Típico caso em que alguns minutos a menos só faria bem. Enquanto “The Talisman” alterna bons e maus momentos, assim como “The Man Who Would Be King”, que possui partes mais inspiradas e criativas e outras descartáveis. Se ambas fossem mais compactas poderiam alcançar um resultado final bem melhor.

Fechando o álbum, “When the Wild Wind Blows” tem uma levada que nos remete ao desenho POCAHONTAS da Disney. É sério, não sei não se mister Steve Harris não andou ouvindo as músicas dessa animação antes de compor essa música. Independente de qualquer coisa, em minha opinião essa é uma das faixas que mais me agrada neste “The Final Frontier”. Seu tom quase épico é muito interessante, assim como as linhas vocais e variações rítmicas bem encaixadas.

Este “The Final Frontier” é um bom álbum no final das contas. Lógico, que alguns ajustes poderiam ser feitos. Algumas músicas poderiam ser mais curtas, assim como poderiam existir mais canções mais velozes. Mas pelo jeito, a banda gosta mesmo é de utilizar a supracitada fórmula. De qualquer forma, se o disco não faz frente aos grandes clássicos dos anos 80, também passa longe de fazer feio na discografia da banda. Acredito até que seja o melhor disco da banda em muitos anos, ao lado de seu antecessor, “A Matter of Life and Death”.

Iron Maiden – The Final Frontier (EMI, 2010)
Produzido por Kevin Shirley


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