De onde vem o gosto musical? (Parte 2)

6 de ago. de 2010

Até o Heavy Metal tem lá suas modas



De onde vem o gosto musical? Na primeira parte vimos que o gosto musical pode vir de um lugar e desembocar em outro totalmente diferente. Apesar das maiores mudanças acontecerem na adolescência e pré-adolescência, geralmente se definindo na fase adulta, a preferencia de estilos continua mudando durante toda a vida, ainda que mais lentamente.

Antes vimos que no meu caso, passei por musicais de criança na minha infância e depois migrei para o Reggae e finalmente desemboquei no Heavy Metal, estilo que aprecio até hoje. Durante toda essa mudança, como vocês puderam tomar conhecimento, tive influência das mais diversas. Desde amigos, sites e principalmente da grande mídia (no começo). Afinal, sem ela não teria conhecido nomes como RED HOT CHILLI PEPPERS, METALLICA e OZZY, que foram quem me trouxeram para o rock/metal.

Mas as mudanças e influências não pararam por aí. Depois que entrei no mundo do rock, muita coisa ainda mudava em meu gosto pela musica e muita coisa ainda me influenciava, mesmo sem eu me dar conta disso. Quando você está no mundo do mainstream o principal fator de influência é invariavelmente a mídia. Que te diz o que ouvir, o que fazer e como agir. Porém, mesmo depois que você passa a fazer parte (e a curtir) do underground, você não está completamente livre. Mesmo no mundo do Heavy Metal existem muitas forças te empurrando para determinadas direções e te dizendo como você deve se portar. Ainda mais se você for um adolescente, facilmente sucumbirá a essas forças.

Mesmo que todo novo iniciado (e até veteranos) no Heavy Metal goste de dizer que escuta apenas o estilo que lhe agrada e é livre de influencias midiáticas. Na verdade ele é, de certa forma, igual a todos aqueles que ele gosta de criticar por escutarem apenas aquilo que toca no rádio e que está na moda. Porém, a moda do jovem headbanger é outra. Mas não deixa de ser uma “moda” também.

Eu mesmo já passei por isso. Por exemplo, eu comecei no mundo do rock ouvindo RED HOT, GREEN DAY, METALLICA e essas coisas mais conhecidas. Aí comecei a descobrir e gostar de um som mais pesado, como os primeiros do METALLICA, IRON MAIDEN, MANOWAR, BLIND GUARDIAN, SEPULTURA e muitas outras coisas que passava a conhecer através de sites e revistas especializadas. Nessa época de descobrimento, ainda ouvia as bandas mais Pop, ao passo que também escutava coisas mais metalizadas também. Nessa fase conheci a banda SLIPKNOT e curti bastante, comprei os dois álbuns deles que haviam na época, o disco homônimo e o “Iowa”. Até então, eu era apenas um roqueiro de bom gosto. Porém, conforme me aprofundei mais no mundo do rock pesado, passei a ser um headbanger propriamente dito. Pois praticamente tudo que eu ouvia era Heavy Metal, e dos bons.

Até então, tudo normal. Mas também comecei a detestar tudo o que não se encaixava no rótulo “Metal” e também a odiar o que fosse denominado “New Metal”. Afinal, “esse tal de novo metal não é metal de verdade, é coisa de poser. Morte ao falso metal!” – já bradava Joey DeMaio. Em suma estava me tornando um troo. Até mesmo o SLIPKNOT que eu gostava tanto, passei a odiar e vendi (ou troquei, não me lembro) os dois CDs deles que eu tinha. Nem mesmo Hard Rock era bem quisto por mim. Bastava ler em uma resenha de algum álbum de banda que eu não conhecia e via que o gênero não era metal, eu nem chegava perto para ouvir, por mais que o redator tenha escrito muitos elogios à banda em questão. Afinal, se não podia ser chamado de “Metal”, não devia ser coisa boa.

Passei a me vestir todo de preto, sempre com camisetas estampando os logos das bandas que mais apreciava, assim como a maioria dos headbangers. Ou seja, estava me vestindo conforme uma “moda”. Além disso, deixei meu cabelo crescer na altura dos ombros, também conforme a moda. Apesar de ainda ter saudades de minhas longas madeixas, o problema é que meu cabelo não era (e não é) muito propenso para isso e o resultado só agradava a mim mesmo. Mesmo assim, mantinha o cabelo comprido.

Depois de muitos anos vivendo nessa “ditadura” do metal, me desliguei um pouco disso tudo, talvez por ter amadurecido, talvez não. Mas mesmo com cabelos curtos e camisas de cores diversas, continuo gostando mais de Metal do que de qualquer outro estilo de música. A minha coleção de CDs do estilo continua crescendo e sempre procuro conhecer novas bandas e também velhas bandas que são novas para mim. De estilos fora do rock, ainda são poucos os que me agradam, talvez um POP bem produzido ou um bom Jazz ou música erudita (de vez em quando). Mas a mudança dentro do rock n roll é o que surtiu maior efeito. Agora, além do Metal, gosto bastante de Hard Rock e de rock clássico. O new metal continua sendo um estilo que não me agrada, mas agora falo isso por afinidade e não por “pressão”, tirando poucas exceções, como o SLIPKNOT que agora não tenho mais vergonha de dizer que gosto e também o SYSTEM OF A DOWN, que tem coisas bem interessantes.

Independente de qual estilo lhe agradar mais, o importante é manter a cabeça aberta para a música. Mas “manter a cabeça aberta” não significa que você tem que gostar de tudo, significa que você pode dar chance a qualquer coisa e ter o direito de gostar ou não. Se lhe apetecer, ótimo! Senão paciência. Desde que você não queira ouvir porque não acha bom e não pelo simples fato de não ter certa denominação. Afinal, livremente de qualquer rótulo só existem dois tipos de músicas: as boas e as ruins.

Contudo, é bom dizer que, mesmo tendo a cabeça aberta e sendo livre de qualquer influência ou regras, meu estilo preferido continua sendo o Heavy Metal e minhas bandas favoritas ainda são SAVATAGE, ANGRA, OZZY, DREAM THEATER, IRON MAIDEN, BLIND GUARDIAN, METALLICA, HELLOWEEN, RHPASODY, HAMMERFALL, DIO entre muitas outras. Enquanto tem estilos que no geral eu não suporto, como pagode, o tal do sertanejo universitário, ou pop descartáveis. 

9 comentários:

Matheus Sonza disse...

Ao meu ver tens um ótimo gosto musical, é quase idêntico ao meu.
Concordo plenamente, é importante a mente aberta para novidades e a mente fechada para pressões exteriores: escute, há sempre 50% de chances de gostar.

Carlos E. Garrido - Café com Ócio disse...

Concordo Matheus, o importante é ouvir. O máximo que pode acontecer é você não gostar.

E muito obrigado pelo elogio. E se você tem um gosto quase idêntico ao meu, você também tem um excelente gosto musical...uhahua

Jonas disse...

Comecei no Rock com Guns e Ramones, tinha uns 10 anos, depois red Hot Chilli Peppers, uns 13, até aí curtia muito "rap do bom" também. até que conhecí o Heavy Metal. Acho que o gosto musical é algo prédefinido, sim, isso mesmo, não importa se com 8 anos, ou com 40 anos uma hora o estilo musical "perfeito" para você irá te encontrar, ou você encontrá-lo.

Carlos E. Garrido - Café com Ócio disse...

Essa teoria é interessante Jonas. Talvez você já tenha nascido com o gosto musical mais voltado para certo estilo. Aí se você vai começar a ouvir desde criança ou na terceira idade vai depender da hora em que você irá dar de cara com esse estilo.

Lucas Stollcan disse...

Carlos, comigo aconteceu algo de diferente no mínimo. Sempre fui fã, desde que comecei a ouvir Metal, de metal melódico. Ouvia e amava de tudo deste estilo, bandas como Stratovarius e Gamma Ray faziam a minha vida ter sentido. Nisso, foram uns 15 anos, e, de repente. O que aconteceu? O que houve? Mesmo o meu amado Helloween, que até tenho tatuado em meu braço, o álbum da miha vida, Better Than Raw, que tenho tatuado em meu braço, ficou esquisito para mim. Bandas que eu amava não suporto mais... Os famosos agudos dos vocalistas, das guitarras agudíssimas, dos bumbos super ultra rápidos dos bateristas destas bandas, não suporto mais. Meus ouvidos não aguentam mais essas coisas, e me redescobri, tento o amor incontestável por bandas dos anos 80 e seus seguidores mesmo do novo século. Black Sabbath, Axel Rudi Pell, Hard Rock e bandas que levam o famoso andamento quatro por quatro é o que amo agora, e é o que só consigo ouvir agora (dentro do Rock, até pq, mesmo em meus 35 anos de idade, não ouço outro tipo de música a não ser o Heavy Metal). Não que eu queira me gabar, mas é o meu próprio gosto musical. Então pergunto, o que aconteceu comigo? Amadurecimento? Ou saco cheio mesmo de tanto metal melódico? Eu mesmo fui um que dei graças a Deus para os novos do Avantasia virem do jeito que veio, pois quando o Avantasia foi lançado com seus Metal Opera, já não suportava mais esse tipo de som, e agora, o Avantasia veio com 3 discos maravilhosos calcados no Metal Tradicional e Hard Rock. Esses 3 últimos álbuns do Avantasia são maravilhosos, procure-os. É o que só escuto atualmente.

Carlos E. Garrido - Café com Ócio disse...

Realmente o metal melódico é um estilo que está bastante saturado. Continuo gostando bastante do estilo até hoje, mas já não mais com o mesmo fervor de alguns anos atrás. Hoje estou ouvindo mais Metal Tradicional, Hard Rock e Thrash Metal.

Eu ainda não ouvi os dois mais novos do AVANTASIA, mas pretendo ouvir o quanto antes. Já o "The Scarecrow" eu tenho e gosto muito, tem músicas realmente muito boas!

Unknown disse...

esse blog já é um dos meus favoritos e o Carlos está perdendo tempo, ele tem que publicar uma revista especializada pois percebe muito do que escreve e alem de ter um gosto muito parecido com o meu parabéns ao ótimo trabalho seu e de todos desse blog simplesmente (fan)metallástico muita saúde sucesso e longevidade

Carlos E. Garrido - Café com Ócio disse...

Olha que coisa curiosa, encontrar o Black Sabbath procurando Música Black e ainda por cima gostar! Acredito que isso seja raro! Mas uma coisa é certa, depois que cair pra valer no mundo do Heavy Metal, é difícil abandoná-lo. Isso toma conta de você.

marina disse...

gostei do que você disse.É realmente interessante manter a mente aberta.Foi graças à isso,minha vontade de experimentar/conhecer estilos novos que cheguei ao metal,e atualmente é um dos três estilos que mais ouço.Mas,claro tendo um pouco de consciência critica,além do gosto.E não fazer só por modismo ou influência de grupo de amigos.Quando recebi o metal,gostei muito do estilo,mas acho que já tinha passado da época de ir com tudo nisso à ponto de viver o estilo em roupas,hábitos e etc.Pra ser sincera,acho q por mais que sempre tenha gostado de rock,nunca me identifiquei com a 'tribo' exatamente,por isso não costumo me dizer rockeira.Então não passei pelo modismo...acho.Não sei se algum dia vou enjoar,só posso confirmar que meu gosto musical também mudou muito pra chegar onde estou hoje,e que apesar de ter mente aberta pra receber dicas de novos estilos e bandas,eu fui tendo mais experiência,e já posso dizer com mais certeza,que salvo raras exceções,não gosto de pagode,sertanejo,axé,black metal,samba.No entanto,ainda tenho bandas/grupos/cantores específicos que curto,e por isso costumo me denominar 'eclética' embora saiba que existam preconceitos com isso

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